quarta-feira, 27 de junho de 2012

Seminário 2012 Applied Wing Chun Brazil



            Sábado dia 16/06/2012 O Centro Integrado de Cultura Oriental Li Hon Ki, com Sede na Cidade de Bauru – SP promoveu o Seminário 2012 de Wing Chun, sendo ministrado pelo Grandioso Sikung Li Hon Ki (também mestre do Hung Gar e do Tai Chi), auxiliado por nosso respeitadíssimo Shifu, Hudson Willian.
            Foram apresentadas idéias e teorias mais amplas sobre Siu Lim Tao (a pequena idéia do Sistema Wing Chun) forma inicial de nosso Sistema, explicando como devemos treinar as técnicas apresentadas na mesma afim de que obtenhamos sucesso no “aprender” a expressar cada técnica (sentimento Kung Fu) adquirindo a energia essencial e necessária para obter a precisão e explosão almejadas.
            Sikung Li Hon Ki também explicou sobre as teorias de base e encaixe de quadril dentro do Sistema Applied Wing Chun, onde logicamente se você pratica qualquer estilo de Kung Fu seja tradicional ou não com certeza tiraria grande proveito destas explicações em seus treinamentos. Com ênfase na teoria e na prática, passamos pelo chamado treinamento doutrinário das noções passadas. Foram três horas de intenso contato com nossa fonte de conhecimentos (nosso Sikung e Nosso Shifu).
            Um fato importante foi a explicação dada com exemplos claros e lógico sobre o porquê do Patriarca Ip Man não gostar de ensinar chutes. Segundo as palavras do Sikung “Kay”, O Patriarca não gostava de ensinar as teorias de chute do Sistema pelo fato de que o mesmo temia que em um momento de grande ira ou fúria descontrolada um de seus alunos ou discípulos cometesse o erro de aplicar tais golpes causando lesão séria (fraturas expostas, paralisias definitivas) em algum oponente. Porém mesmo assim alguns alunos particulares ou mesmo discípulos conseguiram obter o conhecimento real destas que são chamadas de os Chutes de Wing Chun (mais adiante em outra postagem falaremos sobre o assunto onde preferencialmente gostaríamos de esclarecê-lo somente aos alunos do nosso Sistema.
            Nosso Shifu ateve-se apenas em auxiliar o Sikung, já que este é a grande estrela convidada e homenageada anualmente em nosso Seminário. Eventos que envolveram todos os braços de nossa longa família (Sanfa) no Brasil trazendo os representantes nossos irmãos marciais de São Paulo, Minas Gerais, Bauru, Bocaina... Entre outros que, juntos, compuseram a foto oficial da Família Applied Wing Chun Brazil – Matriz Bauru. Logo após o término do Seminário, fomos para o Restaurante Tókio onde tivemos nosso almoço familiar ao lado de nossos Sikung e Shifu.
            Aproveitando a oportunidade de ter vários representantes da Sanfa juntos em um mesmo dia, no domingo dia 17/06/2012, tivemos treinamento específico com nosso Shifu Hudson Willian a fim de praticar um pouco mais das técnicas aprendidas no dia anterior, aproveitar para refinar mais as que já sabíamos e conhecer novas técnicas de Aplicação do Wing Chun em situações de combate real.
            Foi um fim de semana intenso para os alunos do Shifu Hudson Willian pela reunião, pela confraternização e pelo reconhecimento da necessidade do comprometimento com o treino/aprendizado digno e responsável do Sistema Applied Wing Chun.
                    Confira mais no link abaixo:

            Sihing Everaldo F Santos – São Paulo 18/06/2012




quinta-feira, 24 de maio de 2012

Felicitações

Amizade é Para Sempre.
    O tempo passa, as pessoas crescem, mudam e seguem outro caminho, mas a amizade é eterna. Neste dia,  venho dar parabéns a dois amigos que fazem parte de minha caminhada em busca da evolução constante.
    21 de Maio - Cristian "Xixa" parabéns. Continue mantendo o rítmo e a garra e você vai longe.
    24 de Maio - Fernando Cassimiro. Que a certeza de amizade eterna esteja no coração e na mente. Desejo que seja uma data especial e duradoura como todas as outras. Dou meus parabéns em nome de nossa amizade e ligação Professor/Aluno/Amigo. Mais uma vez agradeço por ter estado ao meu lado quando de minha fase mais complicada (cirurgia/recuperação/retorno) e deixo claro que sempre que precisar estarei pronto a retribuir o gesto de amizade verdadeira que teve para comigo.
                                                                                                                                     Sihing Everldo

sexta-feira, 30 de março de 2012

Luto na Família Hung Gar e entre os Grandes do Kung Fu Mundial

Quinta Feira, 29 de Março de 2012, Baptist Hospital - Hong Kong, por volta das 13:00, Foi comunicado o Falecimento do Grão Mestre Lam Cho (Lam Jo)
 Nós da Família Applied Wing Chun Brazil, sob tutela do Shifu Hudson Willian, com imenso pesar, Comunicamos nosso Luto Pelo Falecimento do Grão Mestre e Patriarca de uma das mais numerosas Famílias de Kung Fu Hung Gar do Mundo: Lam Jo (Lam Cho)."
Após uma grande batalha ele agora descansa em paz. Mas sua é imortal nos corações dos que participam de sua família marcial, trazendo no peito, com orgulho o seu brasão que, de acordo com seus filhos e família de sangue direto e todos os nossos irmãos marciais do mundo, vão lutar para seguir e para dar continuidade ao seu exemplo e fazer perdurar na terra o seu legado...
"Uma caminhada se inicia com o primeiro passo."
  Até breve grande mestre.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Volta às Aulas de Kung Fu

Agora em dois locais e em horários variados. Leia todo a postagem e escolha o melhor horário para treinar. Venha conhecer, fazer uma aula como nosso convidado e conferir por si só o que é o Kung Fu.

Quer Aprender a se defender? Aprender a Filosofia Chinesa e suas Artes Marciais?
Aulas Particulares e Coletivas 
Contato: everaldogarradetigre@gmail.com
Celular: 011-5459-5209 Tim




 Clube Desportivo Mundo Mundo Animal
Modalidade: Applied Wing Chun
Horários: Sábados 13:00 e Domingos: 08:00
Localizada na Zona Sul de São Paulo região de Santo Amaro
Bairro Parque Residêncial Cocaia
Rua: Demas Zitto, nº 102 (Sobre Loja)
Fone: (11) 5528-1288 
 


San-Fa Conceito aplicado do Clã na Sociedade Moderna - Família Kung Fu

 Por Shifu Hudson Willian

Clã: Um clã constitui-se num grupo de pessoas unidas por parentesco e linhagem e que é definido pela descendência de um ancestral comum. Mesmo se os reais padrões de consangüinidade forem desconhecidos, não obstante os membros do clã reconhecem um membro fundador ou ancestral maior. Como o parentesco baseado em laços pode ser de natureza meramente simbólica, alguns clãs compartilham um ancestral comum "estipulado", o qual é um símbolo da unidade do clã.
Egrégora: provém do grego egrégoroi e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade.
Tais conceitos acima descritos trazem a tona os sentimentos que representam nossa família, em chinês conhecida como San-Fa, e que na tradição das Artes Marciais Chinesas tem um profundo significado.
Quando o iniciante ingressa em nosso Mokwon, após alguns meses o mesmo é submetido a uma serie de conhecimentos e princípios que geram a egrégora de nossa família e então é convidado a ingressar à mesma através de uma cerimônia simbólica de admissão e a partir de então, passa a comungar dos valores que norteiam o Kung Fu.
Neste momento, o aspirante passa a de fato integrar a nossa família Kung Fu, onde efetivamente passamos a dividir as alegrias, as tristezas, as conquistas e a estreitar os laços de amizade, companheirismo, carinho, fidelidade, amor, compaixão, fraternidade etc. tornando se uma família no mais amplo sentido da palavra.
Na cultura chinesa, quando um discípulo passa a ser aceito em uma família Kung Fu, e tem neste momento um Shifu (Pai de uma família Kung Fu/Mestre) este o tem como figura principal dentro do clã, devendo amá-lo e respeitá-lo com uma figura paterna, que é um guia nesta nova jornada, devendo este respeito e consideração até o fim de sua vida.
Diante da dificuldade de ensino desta relação a Ocidentais, poucos Mestres aceitam alunos através da mais tradicional cerimônia de admissão, o Pai Si.
Neste momento, através da cerimônia de Pai Si, na cultura chinesa, acredita-se se que ambos os espíritos (discípulo e Mestre) estarão ligados eternamente e tais laços são tão fortes como os consangüíneos, e a responsabilidade de um pelo outro nascem e formam uma aliança eterna.
Importante localizar neste contexto a diferença entre aluno e discípulo. Não é raro em tempos modernos um Mestre ter dezenas de alunos, porem, discípulos, tão somente alguns que demonstraram valores especiais e foram dignos de serem aceitos em Pai Si.
Desta forma, existe uma grande diferença entre ser aluno e discípulo, sendo este segundo, um dos que terão a bênção de seu Mestre para dar prosseguimento ao legado marcial desta família Kung Fu, e muitas vezes com aprofundamento muito intenso no estilo praticado a ponto de se diferenciar de praticantes comuns.
Antigamente a relação de um clã Kung Fu era muito simples e muito intensa, pois os discípulos não raramente moravam junto ao Mestre, em casas muito grandes cujo conceito de construção e aposentos se diverge em muito do ocidente.
Em uma de minhas visitas a China, tive o prazer de conhecer este conceito de casa, onde a mesma tem vários quartos, salas, locais de treinamento, reunião, pátios etc.. Onde os discípulos desempenhavam suas funções cada qual em uma atividade em prol da família Kung Fu, coordenados pelo Shifu (Mestre) vivendo todos em perfeita comunhão.
Desta forma, ser aceito em um clã Kung Fu, muitas vezes representava deixar sua família consangüínea e adentrar nesta nova Família, ganhando até mesmo um novo nome e sobrenome, que seguiam da família de seu Shifu.
Na pratica, o novo integrante passa contar com o apoio dos membros de forma incondicional, solidariedade, companheirismo, fidelidade, carinho, dedicação, honestidade são virtudes cultivadas dentro e fora de nosso Mokwon, e esta irmandade vivenciada em nosso meio, se estende as demais relações, em busca do desenvolvimento social com um todo.
Assim, como no mundo moderno muitas coisas já não são passiveis de realização, mantém ainda os costumes relacionado aos laços que envolve uma família Kung Fu, sem os quais, podemos ter apenas uma Academia de Kung Fu e não uma família Kung Fu.
Atualmente, em nossa Família Kung Fu Applied Wing Chun, nosso líder mundial é o Grão mestre Duncan Leung, o qual é Mestre de Li Hon Ki Shifu, o qual tenho a honra de ser discípulo.
Embora em meio a muitas coisas que devo agradecer a Deus por ter me concedido, nesta ocasião dou especial atenção ao período efetivo de três anos em que pude manter um contato muito estreito com meu Mestre por ocasião das estadias que esteve em minha casa, em nossas longas conversar noturnas e matinais sobre diversos tópicos da vida, contribuindo imensamente com os resultados a que vim adquirir com seus conselhos.
Uma vez que o praticante tenha escolhido seu Shifu e este o aceitado como discípulo, estes dois universos devem gerar um só, para que a experiência de um Mestre possa ser devidamente aproveitada por um discípulo.
Em um clã Kung Fu, deve ser objeto de estudo e vivencia muito mais do que técnicas de combate, mas sim valores que nortearão a vida destes integrantes, como honra justiça, benevolência e tantos mais que somente o dia-a-dia poderá transmitir ao iniciado, haja vista palavras faltarem para mencionar esta experiência.
Desta forma, mesmo em uma sociedade moderna, onde muitos valores de caráter e personalidade são deixados para trás em busca de valores superficiais, ainda em um bom clã Kung Fu é possível encontrar o cultivo destas virtudes, como contribuição para um mundo melhor.
 

Applied Wing Chun
Confidence - Esteem - Defense
*texto retirado do site do Shifu Hudson Willian

Uma abordagem simplificada ao Sistema Wing Chun de Kung Fu

O Sistema Wing Chun é uma Arte marcial Chinesa que teve sua origem há aproximadamente 300 anos e é oriundo do templo Shao Lin do Sul.
Suas principais características são a simplicidade de movimentos, com utilização da força estrutural do corpo do praticante e a força do oponente contra o agressor, proporcionando, desta forma, eficácia e objetividade no combate real. Ataque e defesa simultâneos e golpes priorizando a linha reta entre o praticante e o oponente são pontos marcantes na atuação do lutador de Wing Chun.
Dotado de golpes explosivos com direcionamento a pontos vulneráveis do corpo do adversário, ganhou fama e popularidade por seus resultados efetivos em defesa pessoal real, pois não há proibição de alvos a serem atingidos e não obedece a regras como a maioria dos sistemas de combate. Nada melhor que a experimentação para expressar de forma mais efetiva sobre o sistema como um todo, em especial a pratica marcial, porém, no site do meu Shifu, há vídeos que podem levar o internauta a ter uma maior compreensão pela imagem, o que em textos acaba se tornando muito superficial.
No texto abaixo, meu Shifu aborda de forma resumida a historia que tradicionalmente é passada nas escolas de Wing Chun, porém, não é a forma que foi transmitida a minha pessoa por ele e a ele pelo seu Mestre, maneira a qual se reserva o direito de dividir apenas com a sua família Kung Fu da qual faço parte com muito orgulho.    

Árvore Genealógica do Wing Chun Kung Fu

Após a destruição do templo Shao Lin, Ng Mui transmitiu seus conhecimentos a uma jovem de nome "Yim Wing Chun", que certa vez, teve de se defrontar em um duelo, no qual, consagrou-se vitoriosa. Mais tarde, ao se casar, transmitiu ao marido Leung Bok To, suas técnicas de defesa. Este, passando a desenvolver o sistema, o denominou como “Wing Chun Kuen (Punhos de Wing Chun)”. 
Leung Bok To transmitiu seus conhecimentos a Leung Lan Kwai que por sua vez, transmitiu a Wong Wah Bo, que trabalhava na ópera chinesa, Nessa época as companhias de ópera e teatro costumavam viajar de uma cidade para a outra por meio de embarcações. Wong trabalhava no Junco Vermelho com Leung Yee Tai, que era bastoneiro na embarcação, empurrando o barco com um longo bastão onde o rio era mais estreito e raso.
Vindo a saber que seu amigo tinha habilidades especiais com o bastão, pois havia sido aluno do monge Jee Shin (sim, mitologicamente seria o mesmo Gee Sin que ensinou o Kune Hung a Hung Hey Kune), prestou-se a trocar seus conhecimentos de Wing Chun com ele, o que contribuiu para a entrada das técnicas de bastão longo no sistema, pois, até então, o mesmo só possuía como arma as espadas gêmeas (facas borboletas).
Leung Yee Tai transmitiu a arte de Wing Chun para Leung Jan, um famoso médico da província Foshan que gostava muito de assistir a ópera chinesa, motivo ao qual, passaram a se conhecer. 
Dado as atividades profissionais que exercia Leung Jan não dispunha de muito tempo para o ensino, transmitindo seus conhecimentos para poucos, entre os quais, seu filho Leung Bek, e Chan Wah Shun, um rapaz que trabalhava no cambio de troca de dinheiro, sendo este conhecido como "Wah o trocador". 
Chan Wah Shun, quando idoso, com mais de 70 anos, foi convidado para lecionar Wing Chun na propriedade da família Ip, uma das mais nobres da cidade de Foshan, onde ao jovem Ip Man transmitiu seus conhecimentos.
Depois de seu falecimento, o já adulto, Ip Man praticou com Leung Bek (filho mais novo do mestre Leung Jan), com quem aprimorou seus conhecimentos.
Ip Man começou a ensinar já em idade avançada. Teve muitos alunos, porém, poucos tiveram aulas particulares com ele, dentre os quais, Leung Siu Hung (Duncan), um jovem vindo da cidade de Macau para estudar no famoso colégio Inglês "Santo Estefano" e que por intermédio do amigo Lee Jun Fan (Bruce Lee) começou a treinar com Ip Man. Em 1959, Duncan viajou para Austrália para cursar faculdade de economia, e em 1970 chegou aos EUA com sua família, onde reside até hoje.
Ip Man teve diversos alunos, entre eles um dos mais famosos é o Grão-Mestre Duncan Leung, patriarca de uma das famílias mais numerosas de Wing Chun. Shifu Li Hon Ki conheceu Duncan nos EUA, por intermédio de seu irmão Robert, tornou-se seu aluno particular e representante para toda América do Sul.
Chegando ao Brasil, o Grandioso Mestre Li Hon Ki, transmitiu seus conhecimentos a uma classe seleta de alunos, dentre eles: Marcelo Florentino, Cláudio Rangel, Alberto França, Marcos de Abreu e Hudson Willian que, visando a divulgação do Applied Wing Chun no Brasil, juntamente ao Mestre Li Hon Ki, fundaram a associação AWCB com o propósito de unificar e padronizar o ensino Applied Wing Chun do Grão Mestre Duncan Leung em todo o território nacional. Hoje o Shifu Hudson Willian continua o ciclo ensinando o sistema assim como os outros mestres que aprenderam sob a tutela do Sikung Li Hon Ki com o padrão Applied Wing Chun Brazil.
* Textualização a partir do original publicado no site do Shifu Hudson Willian
* Acesse:
www.hudsonwillian.com.br

Hung Gar Kung Fu



O Hung Ga Kuen, Hung Ga ou Hung Kuen é um sistema de kung fu desenvolvido no século XVII, que está associado ao herói popular chinês Wong Fei Hung, que foi mestre de Hung Ga. Considerado um sistema Nan Quan, este é um dos 5 principais sistemas do sul da China (Hung Ga, Mok Ga, Choy Ga, Lau Ga e Li Ga). Sua tradução é “boxe da família Hung”, e se baseia no boxe do tigre e da garça.
De acordo com a lenda, foi criado em homenagem a Hung Hei Kung, que fora aluno do abade Gee Sin, um monge Chan (Zen) budista no Templo Shaolin do Sul. Gee Sim foi também o mestre de quatro outros estudantes: Choy Gau Lee, Mok Da Si, Lau Sam-Ngan e Li Yao San – que junto de Hung Hei Kung, são os patriarcas das 5 famílias principais de kung fu sulista.
Trata-se de um estilo de luta baseado nos cinco animais básicos Shao Lin: Tigre, Garça, Serpente, Dragão e o Leopardo. Além dos cinco elementos (madeira, ouro, água, fogo e terra).
* Esta é a versão mais popular sobre o Hung Gar, porém, insta dizer que alguns praticantes e mestres se mantém insatisfeitos com a mesma.

História do Hung Gar

Hung Hei Kung originalmente tinha o sobrenome Jyu (Jyu Hei Kung) e era um mercador de chá. Após um desentendimento com membros duma classe nobre de Manchus, durante a dinastia Qing (quandos os Manchus governavam a China), Ele se refugiou no Templo Shao Lin do Sul, que acredita-se ter sido em Fujian – um ponto de resistência contra a dominação Manchu e à dinastia Qing, principalmente após a destruição do principal Templo Shao Lin, em Henan. Após algum tempo, o templo sulista também foi destruído.
Ao se refugiar no templo, Hei Kung foi aceito como aluno pelo abade Gee Sin, que em pouco tempo percebeu sua habilidade e dedicação ao Kung Fu de Shao Lin. Gee Sin estava impressionado por estas qualidades e logo começou a ensinar-lhe o Hei Hu Quan (– “Punho do Tigre Negro” – o estilo externo de maior força física, trabalho duro e agressividade criado em Shao Lin), no qual era especializado. Logo após 6 anos, Hei Kung se tornou o número 1 dos rebeldes que estavam no templo apenas para aprender a lutar, e não à religião budista. Entretanto, logo após isto, o governo Qing destruiu o templo, porque estava dando abrigo a muitos rebeldes que gostariam de restaurar a última dinastia verdadeiramente chinesa, a dinastia Ming.
Com a queda do Templo Shao Lin do Sul, de acordo com algumas fontes, Hei Kung e Gee Sin uniram-se a grupos de atores de Ópera Chinesa que se transportavam em barcos vermelhos (“Hung Sheun”), para se esconderem, e atravessaram toda a China com eles. Nestes grupos, os rebeldes treinavam o Kung Fu Shao Lin sob o disfarce circense – já que o governo proibira qualquer referência a Shao Lin. Numa destas viagens, Hei Kung conheceu Fong Wing Chun, sobrinha do lendário Fong Sai Yuk (filha dele de acordo com outras fontes) e expert no estilo da Garça Shao Lin. Fong ensinou à sobrinha as técnicas da Garça de Shao Lin num sistema que usa ataques rápidos de bicar e também enfatiza o equilíbrio e técnicas de chutes rápidos. À época, Gee Sin havia sido assassinado, assim como Fong Sai Yuk, e acreditava-se que tinha sido o mesmo homem o assassino (Bak Mei em algumas fontes). Hung Hei Kung aprende o estilo da Garça com Fong Wing Chum, com quem se casa, e vinga-se da morte de seu mestre e do tio (ou pai) de sua esposa.
Hung Hei Gung, então, abriu secretamente uma escola de Kung Fu no Templo do Grande Buda, em Cantão, para treinar revolucionários. De acordo com as lendas, ele teve que adaptar suas técnicas porque os chutes rápidos e altos típicos do Norte era inapropriado para os habitantes do Sul, que eram fisicamente mais baixos que os do Norte – o povo cantonês era mais baixo e mais atarracado e preferiam usar métodos de mão. As lendas dizem que o povo sulista remava mais, assim desenvolvendo mais os braços para técnicas de mãos e que as bases no treinamento eram bem baixas e largas para a prática em barcos e lugares alagados ou escorregadios. Ele chamou sua arte de Hung Ga Kuen, ou Punho da Família Hung, principalmente para esconder suas relações com Shao Lin – quem fosse pego praticando as artes de Shao Lin era executado.[1][2][3] Com a proibição da prática do Kung Fu removida, Hung Hei Gung começou a ensinar abertamente sua arte, e abriu uma escola em na cidade de Fa, província de Kwungtung (Cantão).
Depois de estabilizado e famoso como professor e artista marcial, Hung Hei Gung recebeu como discípulo um irmão marcial seu, Lok Ah Choy, perito na técnica Shao Lin dos Cinco Animais. Os dois juntos realizaram grandes façanhas que foram contadas de geração após geração até nossos dias. Após um tempo alunos e mestres se separaram, e Lok Ah Choy abriu sua própria escola, onde teve muitos discípulos. Os dois melhores estudantes foram Wong Tai e depois o filho deste, Wong Kay Yin. Mais tarde, estes se uniram aos “Dez tigres de Cantão”, um importante grupo de mestres, os melhores lutadores de Cantão, que lutavam para defender os cidadãos da tirania dos Manchus. A fama de Wong Kay Yin só foi ultrapassada pelo seu próprio filho, Wong Fei Hung. A fama de Wong Fei Hung foi relatada em inúmeros filmes e até hoje, ele é um importante herói patriota do povo chinês.
Graças à rotina de seu pai, Wong Fei Hung desde cedo teve que viajar por toda a China. Graças a isso, pôde conhecer inúmeros mestres. Numa dessas viagens, tornou-se discípulo do mestre Lam Fuk Sing, que fora discípulo de Tid Kiu Sam. O mestre Lam Fuk Sing passou a Wong Fei Hung todo o conhecimento que possuía, incluindo a rotina Tid Sin Kuen, criada por Tid Kiu Sam. O mestre Wong teve um importante aluno, Lam Sai Wing, que nasceu em 1860 e morreu em 1943. Em muitas vezes, Lam o substituiu em lutas, o que rendeu-lhe notável fama. Depois da morte de Wong Fei Hung, em 1924, Lam Sai Wing continuou com a divulgação do Hung Ga abrindo sua própria escola.
Lam Sai Wing teve diversos alunos, entre eles os mais famosos são os grande-mestres Lam Jo e Chiu Kao, patriarcas das famílias mais numerosas de Hung Ga hoje em dia.

* Versão simplificada.

Hung Gar Kung Fu - O Sistema

O Hung Ga é baseado em posições baixas e fortes, deslocamentos estáveis e penetrações diretas; com ênfase na força dos membros superiores da resistência ao esforço, e em fortes técnicas de mão, sendo notáveis a mão de ponte e a versátil garra de tigre. Incide sobre o desenvolvimento de braços e pernas fortes, alicerçado na posição no cavalo (Sei Ping Ma), e no condicionamento dos antebraços (Da Sam Sing – “Explosão das Três Estrelas”). Sua habilidade é adquirida através do desenvolvimento de 3 partes: uma ginástica corporal completa, o combate livre e as formas (taolu), que são um conjunto de técnicas coreografadas, servindo de “livro” para os praticantes.
Quatro são consideradas os pilares do Hung Ga, são elas:
  • Gung Gee Fuk Fu Kuen (工字伏虎拳, “Domando o Punho do Tigre na Forma da Letra Kung – Trabalho”);
  • Fu Hok Seung Ying Kuen (虎鶴雙形拳 – “Punho Combinado da Forma do Tigre e da Garça”);
  • Tid Sin Kuen (鐵線拳, “Punho da Linha de Ferro”)
  • Sap Ying Kuen (十形拳,”Punho dos Dez Padrões”), também chamada de Ng Ying Ng Hong Kuen (五形五行拳, “Punho dos 5 Animais e dos 5 Elementos”).

É da dedicação que surge o reconhecimento...

    Tão surpreso estive hoje, 05 de julho de 2011 ao acessar o site do Mestre Hudson (9º Geração de mestres do wing chun - applied wing chun) e ver o que foi escrito no link que posto para você, atento leitor, deste singelo blog.
    O link abaixo é do site de um mestre do Wing chun (ou wing tsun, para outros). Ao lado de outros profissionais, eu que sou apenas um instrutor, recebi um elogio o qual levarei para sempre dentro do meu coração e dedicarei a meu professor Carlos Antônio da Silva, que sempre se fez presente (mesmo quando eu estive longe dele) na minha formação filosófica e técnica marcial e também aos que foram e são meus alunos, por terem me proporcionado aprendizado nesta jornada que seguirei por toda a vida.
Acessem:
http://www.hudsonwillian.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=76&Itemid=84

A parábola do Lápis

As qualidades que te levarão a estar sempre de bem o mundo

O menino olhava a avó escrevendo uma carta.
A certa altura, perguntou:
- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco?
E por acaso, é uma história sobre mim?

A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante que as palavras, é o lápis que estou usando... Gostaria que você fosse como ele quando crescesse.

O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida! Disse o menino.
- Tudo depende do modo como você olha as coisas! Respondeu a avó.
- Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.
Primeira: Você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que te segura e guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade.
Segunda: De vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.
Terceira: O lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça.
Quarta: O que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas a grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.
E finalmente, a quinta qualidade do lápis:
Ele sempre deixa uma marca.
Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços
e procure ser consciente de cada ação.

A Flor da Honestidade

Bom dia a todos. Sejam bem vindos a minha humilde página. estarei postando aqui textos, fotos e artigos interessantes que advenham de filosofia, história, lendas ou mesmo da cultura nacional ou marcial chinesa. o Texto a seguir, infelizmente é de um autor que desconheço, porém, achei interessante e resolvi postar para você.                                                                                                                    Everaldo 16/06/2011

A Flor da honestidade

Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na China antiga, um príncipe da regiao norte do país, estava as vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.
 
Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebraçao especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
 
Uma velha senhora, serva do palácio ha muitos anos,ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
 
Ao chegar em casa e relatar o fato a jovem, espantou- se ao saber que ela pretendia ir a celebraçao, e indagou incrédula:
 
- Minha filha, o que você fará lá? Estarao presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas nao torne o sofrimento uma loucura.
 
E a filha respondeu:
 
- Nao, querida mae, nao estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.
 
A noite, a jovem chegou ao palácio. La estavam, de fato, todas as mais belas mocas, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intençoes. Entao, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:
 
- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
 
A proposta do príncipe nao fugiu as profundas tradiçoes daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc...
 
O tempo passou e a doce jovem, como nao tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensao de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.
 
Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicaçao a moça comunicou a sua mae que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada alem de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
 
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tao bela cena.
 
Finalmente chega o momento esperado o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atençao.
 
Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.
 
As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reaçoes. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado.
 
Entao, calmamente o príncipe esclareceu:
 
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.
 
A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.

"Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca. Você será sempre um vencedor."
*(Fonte: Autor desconhecido)

O mestre de Armas - Um pouco de sua história.

                                                                   
  O famoso e respeitado Mestre Huo Yuan Jia(1867-1909) ou Fok Yuen Jia, em cantonês, criou em 1900, na cidade de Xangai, a Associação Atlética Jing Wu que se tornou famosa devido a sua filosofia de ensino, única na época, e a qualidade técnica de seus praticantes.
Tendo sido campeão e considerado o número um em artes marciais na china, Mestre Huo decidiu criar a sua associação com o objetivo de elevar o moral dos chineses, que vinham sofrendo com a invasão de diversas nações estrangeiras, naquele conturbado período histórico da China, e também promover o melhor das artes marciais chinesas em nível internacional. Com essa idéia, mestre Huo enfrentou diversos lutadores de nível internacional, vencendo todos os desafios que lhe foi imposto. Posteriormente ele convidou alguns dos mais famosos e bem conceituados mestres da época que devido a mestre Huo ser muito admirado e considerado como um verdadeiro herói nacional Chinês, concordaram prontamente em ensinar na escola aderindo ao propósito de mestre Huo e contribuindo com suas habilidades para cada vez mais solidificar o nome da escola.
    A seguir seu nomes com seus respectivos estilos:
Grão Mestre Chiu Lin Wo do estilo Tam Tui
Grão Mestre Swan Yu Fong do estilo Lo Han Shao Lin do norte
Grão Mestre Lo Kwong Yuk do estilo Tong Long
Grão Mestre Chen Tzi Jhan do estilo Garra de Águia
Grão Mestre Geng Xia Guang do estilo Xing Yi
Grão Mestre Wu Jian Quan fundador do estilo Wu de Tai Chi Chuan
    Com tal diversidade de estilos e nomes famosos da elite marcial chinesa, a Associação Atlética Jing Wu , cujo significado literal é “Essência das artes marciais”, acabou se tornando não só uma escola de kung fu para o fortalecimento do corpo, como também uma das principais responsáveis pela sua divulgação mundialmente. Portanto, podemos dizer que Jing Wu ainda é um dos ícones da tradição marcial chinesa.
Infelizmente, mestre Huo morreu envenenado poucos meses depois da fundação de Jing wu.
    Dentro de Jing Wu os instrutores mantinham vivo o ideal do fundador, Grão Mestre Huo, que era "praticar uma arte marcial de alta qualidade e divulgá-la para o mundo sem preconceito entre os estilos"
Sua história já foi retratada em diversos filmes, podendo-se citar “Fist of Fury” (A Fúria do Dragão) com Bruce Lee, “Fist Of Legend” (Lutar ou Morrer) e Fearless com Jet Li, que contam justamente a história da morte de Mestre Huo.

As nove maestrias - O que se deve esperar de um mestre do kung Fu?

    Algumas pessoas acreditam que trata-se da composição de uma lista das nove qualidades ("maestrias") que se deve esperar de um grande mestre de Kung Fu:

    São elas:
1 - ter paciência e perseverança;
2 - ser capaz de ensinar honestidade, bondade e correção através de seu exemplo;
3 - conhecer as obras clássicas (chinesas), tendo uma razoável compreensão destas;
4 - ler e escrever (em chinês) de forma clara e correta, com boa caligrafia;
5 - saber exprimir-se em versos, compondo poesia;
6 - saber tocar algum instrumento musical;
7 - ter conhecimento sobre ervas, massagem e acupuntura;
8 - saber cultivar e preparar seu próprio alimento;
9 - saber defender a si mesmo e aos outros.


    *Não tenho o conhecimento exato para dizer se é mesmo esperado isso de um grande mestre, porém tão logo eu tenha a informação farei a correção na postagem. Everaldo 30/06/2011

Um pouco da minha História e Agradecimentos.

Nascido em Palmeira dos Índios – AL, desde os sete anos de idade, já era apaixonado por filmes de artes marciais, dentre eles os mais adorados eram os de Shao Lin e os do Grande Astro Bruce Lee. Entre os filmes que mais curtia existiram alguns em especial da Shaw Brothers, todos os títulos de Bruce Lee dentre eles o mais amado: Operação dragão e o Jogo da Morte, e um mais trash, porém com uma sacada filosófica bem legal: O Último Dragão (filme onde “Bruce Leroy” um jovem mestre negro de kung fu enfrenta Sholdar, desordeiro que aterroriza um bairro de periferia americano nos anos 80, em prol de ajudar a mulher pela qual se apaixonou e em busca da própria verdade interior).
Cresci lendo, ouvindo ou assistindo filmes de tal vertente. Na escola, por falta de conhecimento e informação, arrumava várias brigas para mostrar que meu “Kung Fu da TV” era bom e que seria o mais novo Dragão do Brasil. Bom aluno, porém desordeiro (imaginem por causa de qual influência?), tive meu primeiro contato marcial com o Karatê Shotokan em 1990, onde treinei com um professor por quatro meses abandonando os treinos por não achar no Shotokan o que minha alma buscava. Em meados de 1990, treinei Judô graduando-me até a faixa Azul, mas, também deixei de lado, pois não conseguia sentir-me completo. Em 1993, fiz amizade com um rapaz chamado Alan na época em que o Circo do He-Man (o mesmo da primeira geração dos Gigantes do Ringue) passou por minha cidade desafiando rapazes para lutar com o mesmo no pequeno ringue que era montado na arena interior do circo. Ambos enfrentamos o desafiante acompanhado de mais 13 amigos do bairro, pois o desafio era de 15 contra o gigante loiro onde tudo que precisávamos era agüentar 5 minutos no ringue, inteiros. Nesta “luta” Alan distraiu He-Man para que eu e Davi atacássemos e o resultado foi trágico porem honroso: Davi escalou He-Man pelas costas e com as unhas arranhou os olhos do Gigante que num acesso de fúria saiu dando pancada em tudo que se mexia atirando Davi para longe. Acabou me encurralando no canto do ringue e eu sem saber se pulava fora e perdia o dinheiro da luta ou ia pra cima, acabei dando uma voadora no peito do cara. Meu amigo, nunca tomei uma tapa na face tão bem dada. O He-Man nem saiu do lugar e já rebateu meu chute com uma direita de mão aberta que pegou os dois olhos duma vez e me jogou pra fora do ringue quase desmaiado. Quando cai fora, o juiz deu sinal de fim da luta e falou que ficamos 5 minutos e 5 segundos La em cima (foi o tempo de ele me encurralar, levar a voadora e me jogar longe) o que nos valeu na época e lembro claramente, 20 reais para cada homem. Nunca mais faço isso. Alan treinava Kyukushin Ryu com professor Valdir (baiano que foi morar em minha cidade e que dizia ter treinado kung fu com um mestre na Bahia, eu achava ser o mestre Li Hon Ki, quando comecei aqui em SP) e me convidou a voltar pro Karatê. Treinei mais um ano só levando pancada, pois era combate sobre combate. Cansei do Kyukushin e em 06 de fevereiro de 1994 pedi para o Professor (que eu já por falta de cultura, aceitava como mestre) a me ensinar o Kung Fu, a tão esperada e sonhada Arte Marcial do Bruce Lee. Treinei até o fim de 1994 e vim morar em São Paulo. Chegando aqui, fui me adaptar a escola e arrumar emprego, deixando o meu sonho de lado até 1998, quando conheci a Academia do Mestre LI Hon Ki no bairro da Cidade Dutra. Fui visitar, vi a Hoje Shifu Cibele treinando um rapaz chamado Josenir, e me inscrevi para trinos. Não agüentei dois meses. O treino do Shao Lin Garra de Tigre era muito extenso e forte, o meu professor na época era o Josenir e às vezes eu acabava passando pelas mãos da Shifu, que era e é até hoje muito rígida quando se refere ao Kung Fu. Como um tolo após um castigo que sofri por não realizar um exercício e respondê-la, eu terminei minha aula cancelei minha matrícula e fui embora achando que nunca mais treinaria tal estilo. Os meses foram passando e eu fui visitando professores como André, vendo as apresentações realizadas em São Paulo como a que o Shifu Noel Quebrou um cabo de enxada com a canela e me maravilhando. Vi apresentações de Alunos do Mestre Kay (como chamamos carinhosamente nosso grandioso mestre) e fui ficando novamente saudoso.
Em 2001 meu amigo e já instrutor de Garra de Tigre Professor Carlos Antonio da Silva me convidou a voltar a treinar, frisando que os tempos haviam mudado e que minha cabeça já poderia aceitar e consentir que aquela era a doutrina do Hung Gar e que os esforços só dependia de mim. Lá, passei a ser membro da União Garra de Tigre do Brasil e fui eu treinar Kung Fu Garra de Tigre novamente. Fiz uma aula e jurei para mim mesmo nunca mais abandonar os treinos. Passei por Campeonatos Paulista, Paulistano, Brasileiro e Campeonatos beneficentes sob a tutela do Professor Carlos. Torneios pelos quais fiz muitos amigos entre professores e mestres. Conheci o Mestre Li Hon Ki pessoalmente, participei de Seminários com ele, conheci seu irmão Mestre Li Wing Kay, o Mestre Barbosa de Santo Amaro, revi minha Shifu Cibele e outros tantos que não lembro o nome nestes anos todos. Passaram-se alguns anos e infelizmente meu Professor teve que dar um tempo nas aulas, com isto acabei pedindo desligamento dele e solicitando treinar com outro professor conhecido e também membro da União, o Professor Ricardo Sobreira, que me acolheu e continua ao meu lado me instigando mais vontade e mais força a cada dia.
Sinto-me honrado em ter no coração o prazer de dizer que após meus treinos de Kung fu na Academia Gênesis, sob tutela da Shifu Cibele e Professor Josenir, na Academia Delta com o Professor Carlos Antonio e com o Shifu Ricardo Sobreira, toda e qualquer outra arte marcial que eu tenha treinado perdeu o sentido. Entenda mais pelos pontos que carrego em mim aprendidos na convivência com cada um deles:
·                           Shifu Cibele – Primeira Professora de Hung Gar do Brasil (eu não sei, mas penso que talvez ela seja a primeira da América do Sul), insistente, árdua e firme, sempre tirando o melhor de cada um de nós, seja pela voz firme que nos chama a atenção pelos erros ou pelo breve sorriso que conseguimos sentir no olhar dela ao ver que fizemos algo dentro ou além do que ela esperava.
·                           Professor Carlos Antonio da Silva – Meu segundo professor me trouxe de volta ao Hung Gar, mostrou-me o valor da amizade nas artes marciais, do respeito para com a hierarquia e do treino intenso e firme visando paz interior e bem estar, além de lógico, ter-me levado aos campeonatos e participado comigo de minhas vitórias e derrotas junto sem me deixar fraquejar, mostrando acreditar em meu potencial como um pai acredita em seu filho, incentivando acima de qualquer coisa. E especialmente por ter-me liberado para treinar e evoluir mais um passo com o Shifu Ricardo Sobreira.
·                           Shifu Ricardo Sobreira – Terceiro e atual professor. Alguém fora de série que se dedica as artes marciais tão intensamente que desde o primeiro dia em que conheci, eu já sentia vontade de um dia treinar ao seu lado aprendendo minuciosamente cada Tão Lu que me fosse passado. A ele deixo bem claro que ocupa junto do Professor Carlos um lugar muito importante em meu coração, o de irmão mais velho que continua o trabalho do pai na educação do filho mais novo. Este Shifu tem uma participação especial em minha vida, pois à época de cada exame o Professor Carlos nos levava para termos uma espécie de aula corretiva com ele a fim de nos sairmos o melhor possível no exame. Este por sua vez sempre nos acolheu com todo respeito e valor que nós jamais pensamos merecer, fazia esta gentileza ao irmão de armas, Carlos e ajudava em nosso crescimento como União. Recebeu-me de braços abertos e tem me passado a cada dia algo novo dentro dos conceitos do Hung Gar, Me preparou e agraciou com treinamento para que eu possa estar realizando o Exame Nacional de Faixas Pretas tão logo me sinta pronto psicologicamente. Levou-me para próximo do Grandioso Mestre Li Hon Ki mostrando outro lado do mestre, o lado de Pai da Imensa Família Hung Gar do Brasil. Aceitou-me em sua associação me dando a importante e tão almejada liberação para dar aulas, passei por testes e mais testes, treinei todo o conteúdo necessário e fui desempenhar meu papel, trazendo para nossa associação os alunos que se deus quiser serão a próxima Geração do Hung Gar.
Agradecimentos especiais:
·                           Mestre Hudson Williams – Wing Chun Brasil Família do Mestre Li Hon Ki – Mestre da 9º Geração de Wing Chun de Ip Man – Discípulo de Li Hon Ki e Duncan Leung, um homem especial, pois nos ajudou a adentrar esta nova era em nossas vidas marciais iniciando uma nova fase na Família Li Hon Ki do Brasil, aconselhando-nos ajudando-nos e incentivando-nos.
·                           Grandioso Mestre Li Hon Ki – a este homem dedico meus esforços através dos anos. Sinto-me honrado em ter sido e ainda ser aluno de seus alunos e ansioso para ser um aluno direto seu. Lutarei com meu coração e minha alma para sempre fazer Brilhar o seu nome. Faço isto em nomes de todos os esforços que o senhor teve para estar aqui em nosso País, deixando sua amada China para nos mostrar sua cultura, medicina e principalmente sua humildade como Mestre e Doutor. Ao senhor, Grandioso mestre, todos os meus agradecimentos e minha honra. Que viva muitos e muitos anos mais, para ver as sementes que plantou e já germinaram crescerem e se tornarem fortes árvores em seu jardim marcial;
·                           Aos meus alunos: Que são uma prova do germinar destas sementes plantadas por cada um destes homens e desta mulher, aos quais reservo lugar de honra em minha vida.
Meus agradecimentos e minha saudação mais respeitosa aos Professores: Cibele, Carlos Antonio da Silva, Ricardo Sobreira, aos Mestres: Li Hon Ki e Hudson William e aos meus alunos.
                                                    São Paulo, 18/04/2011  
·  Todo Fim é o início de um novo ciclo - De volta ao Professor Carlos Antônio 
As coisas e fatos, sejam lá quais forem, sempre tem um motivo para acontecer. Hoje, 04  de junho, algo muito triste, porém, com motivação muito grande, aconteceu. Acabo de entregar minha turma na Academia Clube Destak a meu professor Ricardo Sobreira.
Como tudo tem um motivo, estou postando o fato aqui, junto a minhas “memórias marciais”, para que não haja qualquer comentário futuro seja para denegrir ou para exaltar tal atitude. Quando meu professor Carlos Antonio da Silva resolveu parar de ministrar aulas, eu como estudioso curioso e ávido que sou por conhecimento, pedi ao mesmo que me deixasse ir treinar com o Shifu Ricardo a fim de continuar a preencher o espaço em minha mente e coração que sempre foi reservado ao Kung Fu Hung Gar. O mesmo humildemente me permitiu partir e deixou claro que suas portas estariam abertas para minha volta quando eu quisesse ou precisasse. Semana passada, conversando com o mesmo, recebi uma ótima surpresa anunciada da boca do próprio desta forma: “Você não sabe, mas venho treinando muito já há algum tempo, só não quis te dizer, porque cada um escolhe seu caminho e destino e eu não queria atrapalhar ou influenciar o seu.”
Eu não esperei nem mesmo ele explicar as coisas, perguntando se me aceitaria de volta após tantos anos, para continuar o trabalho que havíamos começado juntos como amigos, aluno e professor, ou de forma mais simplificada: como pai e filho mais velho de uma família marcial. Como eu já havia me retirado anos atrás de sua presença marcial a fim de buscar e continuar a acumular conhecimento tão logo ele anunciou que não mais ministraria aulas, para voltar, precisaria de duas coisas: A aceitação de meu professor e o desligamento amistoso de meu atual tutor marcial. Como eu sempre quis voltar e dar continuidade ao trabalho que começamos, fui a aula do Shifu Ricardo e solicitei meu desligamento amistoso do mesmo, sendo atendido prontamente. Minha felicidade de voltar para “casa” só não foi maior porque infelizmente, por questões internas, eu tive de deixar minha turma de alunos sob a custódia de meu antigo Shifu, pois foi sob a bandeira dele que iniciei o trabalho com esta turma e nada mais correto do que deixar que ele a conduza daqui para frente. Aceitei minha obrigação e me despedi com uma imensa dor daqueles que me honraram com suas presenças aos sábados e domingos em meu “mo Kwoon” deixando para eles, da mesma forma como me foi deixado, as portas abertas para seguirem seu caminho como acharem melhor, seja ao lado do Shifu Ricardo ou ao meu. De qualquer forma estamos todos na mesma família marcial e com isto provavelmente nos veremos nos exames, apresentações e aniversários do mestre ou mesmo nos torneios e é isto me conforta vê-los trilhando os caminhos que trilhei e trilharei por toda minha vida, que é representar o nosso verdadeiro e único mestre no âmbito esportivo marcial: O Grandioso Mestre Li Hon Ki. Esta nota fica registrada como parte do “post” acima, sendo continuação e espero que no futuro ela seja de grande valia a alguém.
                                                           Everaldo F. dos Santos – 14/06/2011
25 de Julho, um dia especial - Um novo conceito marcial me é mostrado
A primeira experiência com o Wing Chun Kung Fu do Grande Shifu Ip Man

Olá a todos os alunos, colaboradores, professores e leitoras apenas deste singelo espaço...
Peço desculpas pelo sumiço e pela demora para postar algo. Mas venho em seguida de maneira muito feliz expressar minhas opiniões sobre os novos conceitos que descobrir e aprendi sobre artes Marciais.
Primeiramente, gostaria de agradecer a meu Professor de Hung Gar, Carlos Antônio da Silva pela confiança e pela compreensão de minha eterna busca por conhecimento a qual me levou a expressar ao mesmo minha curiosidade em conhecer de perto (pessoalmente) o Sistema Applied Wing Chun Brazil, ministrado no Brasil por alguns mestres que tiveram a honra de aprender com o Sikung Li Hon Ki. Dentro deste Sistema, aprendi a respeitar muito vários destes Shifus durante minha vida no Hung Gar e Boxe Chinês, porém de um ano mais ou menos para cá, ao conhecer o Shifu Hudson Willian, tive a oportunidade de me envolver um pouco mais profundamente com o assunto.  
Shifu Hudson me fez o convite para treinar em seu Mo Kwoon a caráter de refinar meu Hung Gar assim como também abriu as portas para que eu pudesse aprender, caso eu aceitasse e estivesse pronto, o seu Sistema Applied Wing Chun, que foi refinado pelo próprio Sikung Li Hon Ki. Mais que prontamente recebi a oferta como uma honra e fui conversar com meu Professor de Hung Gar, afim de não gerar qualquer tipo de desavença entre mim e o mesmo ou entre os Professores em questão (como eu entendia e chamava antes em minha pequena compreensão qualquer um que fosse avançado e tivesse o direito de ensinar Kung Fu).  
Tal foi minha surpresa ao ouvir de meu Professor Carlos um sonoro “vá em frente e aprenda! Melhore o que já sabe e aprenda mais. Não há por que de proibi-lo de querer ser alguém melhor para o Kung Fu, alguém mais preparado para o conhecimento que nossa arte proporciona tanto mental como espiritualmente. Vá, dê minhas palavras de amizade ao Mestre Hudson e aprenda o máximo que puder, porém cuidado, pois o tempo de treino é muito grande diariamente e você pode não suportar as lesões ou a fadiga a que seu corpo será submetido nestes dias. Recomendo cuidado!”
 Agradeci pelo voto de confiança mais uma vez me dado e sem pestanejar, liguei o Shifu Hudson, em Bauru e combinei a data para Julho, onde exatamente dos dias 25 de Julho a 04 de Agosto, participei do chamado processo de Imersão, onde treinei por dez dias sendo dez horas diárias. Aprendi novos conceitos sobre filosofia, sobre arte marcial, sobre respeito e honra, sobre conhecimento interno e externo, conversamos sobre amizades verdadeiras e falsas (como descobri-las antes de nos fazerem algum mal), sobre Deus, sobre religião, formas e Principalmente Aplicação das técnicas apresentadas nas mesmas, MTC e também sobre as origens, verdades e mitos do Sistema Wing Chun. Conheci boa parte senão toda a Família Applied Wing Chun que é supervisionada pelo Shifu Hudson e fui muito bem recepcionado e tratado pelos meus novos irmãos sendo que isso me abriu mais um espaço na mente, uma nova visão sobre o termo família (ou clã, como alguns poderiam dizer de forma mais tradicional), dentro do Kung Fu.
 Applied Wing Chun Brazil, este é mais um caminho que passo a seguir dentro das artes marciais não como substituição ao Hung Gar, mas sim como complemento a mim mesmo para técnicas de luta, filosofia marcial e conhecimento próprio e externo além de lógico, como complemento do que já sei e ainda tenho por aprender dentro do Hung Gar, utilizando o melhor do Termo “aplicação ou Aplicabilidade” nos dois Sistemas. Volto a São Paulo com duas coisas na cabeça: O que é realmente o Hung Gar e o Que foi esse furacão que me atropelou durante os dez dias de aula que tive com meu Shifu Hudson e meu Sihing Eric Murakawa (Sakura), duas pessoas que fizeram maior diferença nestes dias e farão pro resto de minha vida. Mais pra frente em textos do Blog falarei mais desta experiência, porém posso postar aqui neste humilde espaço que graças a Deus consegui chegar ao último dia do Processo e voltei a São Paulo pronto e autorizado a começar a divulgar publicamente o Sistema Applied Wing Chun ao qual agora faço parte da família e trabalho com Alvará próprio sob supervisão do Shifu Hudson Willian.
  Deixo aqui novamente meu sincero respeito e agradecimentos a todos que fizeram ou fazem parte de minha vida marcial e pessoal, acreditando que tenho potencial para o mesmo e nunca me abandonando em meu caminho. Destas pessoas destaco hoje meu Professor Carlos Antônio, meu Sihing Sakura, meu Shifu Hudson Willian e lógico meu Sikung Li Hon Ki aos quais desejo intensamente longa vida.
                 Sihing Everaldo Feitosa dos Santos
                                     São Paulo 25/08/2011

Wing Chun - Do Conhecimento Teórico a Aplicação Prática Real

Uma matéria escrita pelo ShiFu Hudson William para seu site: www.hudsonwillian.com.br

Este artigo tem por finalidade tentar colocar o leitor em consonância com a realidade do sistema de treinamento Applied Wing Chun que recebi de meu Shifu e Sikung.
Basicamente podemos dividir em duas etapas de treinamento para, de forma singela, chegar ao clímax do entendimento.
Ao entender o treinamento teórico e sua diferença da Aplicação prática, o leitor poderá com facilidade notar a diferença entre nossa escola e demais vertentes do Wing Chun pelo mundo.
Ao me referir a “nossa escola”, estou me referindo a Applied Wing Chun, sendo que para facilitar a narrativa e torná-la menos cansativa, utilizarei o termo “AWC” Applied Wing Chun”.
Insta salientar que esta explanação é fruto de minha experiência ao longo de mais de 20 anos de artes marciais e do farto convívio com meu Shifu, bem como minhas viagens de treinamento para com o Wing Chun em três países diferentes e pelo Brasil a fora.
Conhecimento Teórico.
A princípio, o leitor deve já ter feito seu prospecto em sua mente da seguinte forma: “Conhecimento teórico é o que tange aos princípios elementares do sistema Wing Chun”, ou seja, ataque e defesa simultâneos, linha central, chutes baixos etc.
Pois bem, para que o caminho que proponho dentro de minha explicação não venha  ser desviado por conta da experimentação e conhecimento pretérito de cada leitor, explicarei com detalhes o ponto onde quero chegar.
O conhecimento teórico se refere a totalidade das técnicas ensinadas no inicio de cada nível de aprendizado, quer seja Siu Lin Tao, Chun Kiu ou Biu Jee, sendo estes treinamentos estáticos, pré ordenados, com golpes previamente combinados entre os praticantes. Ex: Treinamento de Pak Sao, Tan Sao, Kan Sao, Socos etc.
Ainda se incluem na parte teórica o treinamento de base, socos e chutes em aparadores partindo de um ponto definido, bem como  as formas (taolu) de cada nível, Tan Chi Sao e Seong Chi Sao.
Após o iniciante ter coordenação motora, conhecer os ângulos de cada técnica estática ou ainda com deslocamentos previamente estabelecidos, pode-se dar inicio ao treinamento prático no sentido que eu irei apresentar.
Neste momento você pode estar se perguntando: “Mas este já não é o treinamento prático?”
A resposta para sua pergunta pode ser sim e não, depende do ponto de vista de quem ensina.
A razão de esta resposta ser dúbia é simples: Tudo que é previamente acordado em Wing Chun ou em qualquer outra arte marcial que seja deve ser denominado como Treinamento Teórico.
A Razão assiste a explanação acima, senão vejamos:
O praticante “A”  tem a incumbência de desferir golpes retos com os braços, quando o praticante “B” tem por objetivo defender tais movimentos pré-determinados de “A”, o que caracteriza um treinamento teórico, uma vez que, na prática REAL, tais ataques não podem ser previamente acordados.
Neste diapasão, podemos e devemos denominá-lo de treinamento teórico, pois  se faz uso de tais “ritos” para desenvolver um conceito e analisar um tipo específico de atuação.
Assim, conforme narrado no exemplo acima, o praticante “A” não poderá inovar a qualquer momento, ou seja, não poderá variar seus socos, agarrar, chutar ou qualquer outra conduta sem que a mesma esteja previamente estabelecida entre as partes, tornando-se assim um treinamento teórico do ponto de vista de luta real.
Neste ponto é que os sistemas de Wing Chun em sua grande maioria se aproximam desta forma, tudo que sai desta esfera torna-se difuso do que a maioria destes praticantes conhecem.
Aplicação Prática.
Esta esfera é a que faz com que haja a diferenciação entre os praticantes de todas as artes Marciais, em especial aos praticantes de Wing Chun.
A liberdade no treinamento de sparring é a realidade que levará o praticante a desenvolver a aplicabilidade do sistema e não há como fugir desta situação quando o objetivo for o de se tornar um lutador.
O âmago do sistema deve ser sempre colocado em primazia, ou seja, a suprema realidade da defesa pessoal.
Nesta fase do treinamento, o praticante após ter adquirido o conhecimento teórico dos ângulos, da energia de cada golpe, do tempo de execução, dos reflexos primários, linhas lateral e central, quadrantes expostos e fechamentos dos mesmos, bem como amplitude de cada técnica, terá o mínimo de condições para ser bem sucedido na parte prática, ou seja, no chamado sparring livre.
Desta feita, é necessário salientar que cada praticante tem um tempo para apresentar a compreensão devida para seu sucesso em luta, deve se ter em mente que o treinamento deve se aproximar ao Maximo do confronto real, pois na prática o desenvolvimento do equilíbrio psicológico e emocional deve caminhar em consonância com a técnica.
Como diz meu Sikung Duncan Leung: “O Wing Chun é tão simples que as pessoas complicam”. Seguindo este conceito, consigo entender porque tantos praticantes tendem a focar em tudo no Wing Chun, menos na parte marcial.
Com  o treinamento de sparring livre, deve se utilizar oponentes mais altos, mais baixos, mais fortes, mais fracos, mais rápidos etc., pois desta maneira as técnicas serão lapidadas e o praticante conhecerá as técnicas de seu arsenal que mais lhe trazem confiança e as que devem ser mais praticadas melhorando a fluência.
Comumente no AWC, desenvolvemos o treinamento do chamado “circulo”, onde o praticante é cercado por oponentes que desferem golpes pré-ordenados no intuito de treinar  quem esta no centro, porem, esta é a primeira fase do treinamento, logo após, os golpes não serão mais pré ordenados e o praticante de AWC deverá responder de forma fluente aos ataques intentados.
A fase que não pode ser ignorada e que muitos praticantes tendem a se esquivar é a de combate livre, onde com a proteção básica, como capacete e luvas de MMA devem ser realizados de forma freqüente, oportunidade impar de testar seus conhecimentos e lapidar as técnicas e sentimentos buscados na construção de um lutador.
No quesito de combate livre, não se deve impor regras e mais do que isso, deve se buscar oponentes das mais diversas modalidades, pois somente assim, poderá o então aspirante a lutador se deparar com situações adversas a ponto de qualificá-lo em seu treinamento, abandonando o conjunto de teorias e passando a experimentação propriamente dita.
Esta fase eu acredito ser a mais dolorosa para o praticante, pois terá que lidar com as dores e traumatismos provenientes do contato físico do combate, além de ter que controlar seu emocional em busca do objetivo almejado, ou seja, formar-se um lutador.
Quantas pessoas acham que são lutadoras por treinar artes marciais? Pois bem, não basta treinar artes marciais para se tornar um lutador, a questão esta em como treinar...
Conclusão
Este texto é muito singelo sobre o tema, serve apenas como referência para levar o praticante a uma reflexão mais acentuada sobre sua condição no universo das artes marciais em especial ao Wing Chun, e desta forma, lembro-me de uma matéria escrita por meu Shifu Li Hon Ki em uma revista já extinta, mas muito famosa na década de 90, chamada “Revista KIAI”, onde ele falava: “Um bom professor é como um médico, que pode curar seu paciente ou levá-lo a óbito, pois seu treinamento poderá alimentar sua ilusão, ou prepará-lo para enfrentar os desafios advindos”.
Agradeço ao meu Shifu pela paciência nas longas horas madrugada adentro que conversamos sobre nosso sistema e a realidade da aplicação na luta, pois sei que na analogia acima descrita ele foi o melhor médico que já conheci.

* Texto retirado do original publicado no site: www.hudsonwillian.com.br

  "Agradeço  a meu Shifu, Hudson Willian, por deixar-me divulgar livremente suas idéias, as quais, com as quais e pelas quais me identifico e busco compreensão do Sistema Applied Wing Chun, assim como com de toda minha existência dentro das Artes Marciais Chinesas". Sihing Everaldo Santos